a Bárbara Barreiros Cruz
Meu maior desafio sou eu.
Sou meus olhos, o outro, meu todo.
O tudo é apenas um grão de mim
do nada que maquia o mundo,
dos infinitos de meu infinito:
o passeio por minha existência.
Sou passageiro dos meus sonhos,
o meu vício coberto de neve.
Seu gelo me convida à sorte
como algo que revela a morte
em pedaços embevecidos de nuvens
coloridos em preto, branco e cinza.
A sombra tão clara me corteja
e de tão completo sou ave e solidão.
Festa, fogo e estranha amplidão
de um razoável pecado de felicidade
que flecha perene por minha existência.
E assim me torno ausente
no meu avesso que nasce em mim,
de um rio que me renova por inteiro
numa importância que flutua breve
pelo fantástico vazio do grande
desafio que sou eu.
(setembro 2006)