sábado, 7 de março de 2015

O cataclisma

Ao amigo Diego Dantas
Tintas e tranças entrelaçadas:
poeta diz não ser.
Alma tempestade cor de vento
claro enigma de vozes
no véu perverso
de lentes nubladas.

Detrás de sensações, lentes nubladas:
poeta diz não ser.
Sombra de si mesmo renascido
inventa sementes
corrói festejos de cinza
na carne da língua, delírio.

Delírio face a carne e língua:
poeta diz não ser.
Engole letra densidade e vida
a rabiscar montanhas
contornos de azul e vulto
chovem esquinas, coração de lua.

O poeta explode:
agora ele é.
Trovoada de mundo exala o verbo
diz poema.
Brota das próprias mãos cataclisma.
A ordem mais perfeita está completa:
nasceu poesia.
(maio 2009)

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