sábado, 7 de março de 2015

O contrabismo


"Pois então abram bem os seu ouvidos
-O mundo somos eu."
João Pedro Fagerlande
Entre as finas cinzas restadas
de meu abismo, fiz-me renovo.
Reergui como ave sem asas,
com mãos em sangue pisado
que adubam meu sonho
na rocha tão tímida.
O eco das paisagens grita meu corpo:
sou universo em plural.
Recolhi as feridas, engoli a
saliva seca e iludida,
e me vi pairando nos vastos
palácios do mundo.
Cantarolei ventos nas pilastras
de eternidade,
regi meus olhos na orquestra
de meus passos
e dormi ao relento que vigora
nos vales de liberdade.
Venço o cansaço na roda do
contrabismo,
na essência do espelho das almas
na estrada de toda esperança,
pois na enormidade de meu tempo,
em cada topo de minha ardilosa
vontade, eu sinto fome:
a fome de um suculento e saboroso
prato chamado vida.
(outubro 2007)

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